Pega mal falar palavras em inglês que possuem equivalentes em português? Esta é uma questão que tem sido levantada ultimamente em redes sociais, mas a discussão sobre estrangeirismo e preconceitos linguísticos existe há tempos, desde muito antes da internet chegar às mãos de todos.

Se isto for verdade e tivermos de cumprir a regra de evitar palavras emprestadas de outras línguas, então estaremos diante de um problema. Nós, por exemplo, que trabalhamos com marketing e tecnologia, expressamos nosso trabalho e nos entendemos bem misturando budget com briefing; estamos sempre on-line e atentos ao deadline; antes do evento começar, testamos todos os links e aguardamos o coffe-break conforme o script.

Se tivéssemos que substituir todas as palavras em inglês do parágrafo anterior, seria bem difícil encontrar uma forma eficiente de transmitir aquela mensagem. Esses são apenas alguns exemplos, sem contar ainda os mais específicos da nossa área: notebook, mouse, desktop, full HD, wireless, wide screen, plug, outdoor, indoor, enter, led, play, off, etc.

Poderíamos observar que isto é reflexo da importação dos modelos de mercado e tecnologias desenvolvidas no âmbito internacional. Está correto, porém não é a única circunstância para o surgimento das expressões estrangeiras; basta observar os campos da culinária, moda, esporte e muitos outros.

Sempre houve intercâmbio de culturas e, assim, sempre existiram palavras de origem estrangeira no nosso idioma. Não há novidade, nem motivo para crítica nisso. O que ocorre é que, como todo estrangeiro, todas essas palavras passam por um processo de adaptação. E sendo algo diferente, novo ou que vem de fora, enfrentam alguns obstáculos a mais para receberem aceitação. Mas em muitos casos, o uso começa a fazer parte do nosso cotidiano verbal de tal forma, que até se esquece que a palavra vinha de outro país.

Portanto, não pega mal falar como se fala, de forma espontânea. Não faz sentido pensar que seria possível encontrar qualquer expressão humana pura e livre de encontros, influências e transformações. A língua é viva, cada pessoa tem uma forma de se expressar e cada palavra carrega sua própria história.