A indisciplina é algo que costuma ser evitado, indesejado e até repreendido. A palavra é bastante usada para descrever o mau comportamento de alguém, seja aluno de uma escola, funcionário de uma empresa ou um mero cidadão. São chamados assim, “indisciplinados”, aqueles que fogem às regras e não se submetem às organizações conforme o esperado.

Porém, é difícil dominar o impulso criativo sem sair do mundo da ordem. A curiosidade e a rebeldia costumam andar próximas da indisciplina e, muitas vezes, o resultado desse encontro são ótimas ideias. Pensando assim, a indisciplina não deveria merecer outra chance? Muitos que já foram considerados rebeldes, que não conseguiam parar quietos numa cadeira, que não suportavam fazer todos os dias a mesma coisa ou escutar a mesma conversa por horas a fio, são hoje excelentes profissionais.

Ao pé da letra, o trabalho com eventos é qualquer coisa menos disciplinado. Eventos acontecem fora da rotina e são intencionais escapadas de tudo que é normalidade. Fugimos de nossos hábitos para fazer coisas diferentes, encontrar pessoas que não vemos sempre, nos vestir de uma forma específica, comer e beber coisas especiais, conhecer novos lugares, etc. E para que tudo aconteça de modo memorável, há que ser diferente.

Então, para nós, que trabalhamos com eventos, não há outro jeito: precisamos pensar fora da caixa. Nosso trabalho se desenvolve a partir do planejamento feito por uma equipe que entende de cenografia, tecnologia, moda, sabores, encontros, discursos, etc. Para chegar às mais inesperadas descobertas e aos resultados surpreendentes, precisamos estar atentos por todos os campos por onde pode passar qualquer curiosidade, passando pelo cinema, literatura, gastronomia, decoração, todas as artes, ciências e experiências corriqueiras.

É claro que a organização e o planejamento são fatores-chave de sucesso para nós e, de fato, somos muito responsáveis com todos os detalhes. Mas no sentido da disciplina como um campo do saber, nossa necessidade é quebrar fronteiras. Para nós, é fundamental saber de tudo um pouco; não aguentaríamos um mundo em que as diversas áreas de conhecimento não conversassem. Precisamos sair, viajar e descompensar para que a ordem se restabeleça; desequilibrar para reequilibrar.

Portanto, para nós, faz todo sentido pensar em “interdisciplinaridade” e “multidisciplinaridade”, que são, essas, sim, palavras desejadas e bastante usadas para definir boas situações, quando vários campos de atuação se encontram e trocam experiências, atingindo uma visão mais abrangente e inclusiva sobre algum assunto. Mas também queremos defender a medida certa de indisciplina, que nos torna cada vez mais fortes no intuito de oferecer soluções criativas, inteligentes e eficazes.